98º Dia
"Crianças à Beira do Caminho"
Leitura Bíblica: Lucas 10.25-37
Certa vez li um texto de Ariovaldo Ramos, falando sobre as crianças esquecidas. Me emocionei porque percebi que muitas vezes há milhares delas bem ao meu lado e nem percebo. Inspirada naquele texto que li, compartilho algumas das reflexões que me fizeram pensar e mudar de atitude na esperança que produza o mesmo resultado na vida daqueles que terão oportunidade de ler.
A situação do mestre da lei retrata bem o estado da igreja brasileira. Temos pensadores e teólogos de todos os tipos, temos ótimas escolas de teologia, mas continuamos sendo uma igreja que sabe ‘tudo’ sobre Deus, mas não sabe a quem amar. Jesus mostrou como a misericórdia e amor devem ser demonstrados de forma prática, porem nós não conseguimos entender isso, porque o evangelho que vemos no Brasil é o evangelho do mestre da lei: um evangelho capaz de dizer “Eu sei o que é amar a Deus, mas não sei quem é o meu próximo”.
A criança é quem está à beira do caminho. Não é apenas uma questão de ver com os olhos, mas sim com o coração aquelas que precisam ser amadas e tratadas com misericórdia. O Brasil tem uma pessoa agonizando à beira do caminho. É uma criança que sofre pelo descaso do estado, pela falta de políticas públicas, pela violência doméstica, pelos abusos, pelo abandono familiar, pelas dificuldades de uma adoção tardia, pela ausência de uma educação de qualidade e saúde pública capaz de intervir diante de uma enfermidade inesperada.
Não podemos continuar agindo como o mestre da lei. Precisamos nos identificarmos com aqueles que estão necessitando de cuidado, ao invés de passar de largo pelas crianças estiradas; precisamos socorrer aquelas que representam o futuro deste país. Precisamos perceber as crianças que estão à beira do caminho, tais como as crianças indígenas e o infanticídio cultural que ainda é um problema comum em algumas aldeias; as crianças sem registro civil, inexistentes perante o estado e sem nenhum direito; crianças vítimas de violência armada organizada vivendo sob o “regime paralelo” do crime; crianças que vivem em trabalho forçado, algumas vezes em regime de escravidão infantil; crianças vítimas de aborto e que tem seu direito à vida negado ainda no ventre; crianças vivendo nas ruas das grandes cidades algumas vezes entrando na dependência das drogas; crianças que não têm oportunidades de convivência social por conta dos preconceitos que atingem aquelas que necessitam de acessibilidade.
O coração que ama a Deus serve o próximo caído à beira do caminho.
* Texto adaptado da Revista Mãos Dadas Ano VIII N.21 setembro/200B.
Oremos:
1) Pelas crianças deixadas à beira dos nossos caminhos;
2) Pelos nossos governantes, para que adotem políticas públicas eficazes nas áreas da saúde e da educação e contra a violência doméstica e o abandono familiar;
3) Pelas igrejas, para uma real identificação com a necessidade das crianças abandonadas;
4) Pelas crianças, para que não sejam presas fáceis do crime organizado, do tráfico de pessoas, da prostituição e do trabalho forçado;
5) Pelo fim da prática do aborto.
Fonte: Extraído do Livro 100 Dias de Oração
Escritora: Jaqueline C. Augusto da Hora Santos -
Missionária Coordenadora do Programa de Evangelização de Crianças
Tema da Semana: Crianças Saudáveis
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