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quinta-feira, 1 de março de 2018

SÉRIE 1 PEDRO: 14 - UNIDOS PELA DOR




14 – UNIDOS PELA DOR
(31-05-2017)
Introdução: O sofrimento humano, ainda que não desejável, ainda nos abençoa de diversas maneiras. Como vimos na semana passada, o sofrimento nos ajuda a vencer o pecado, a nossa maneira de suportar a dor com a ajuda do Senhor se transforma num poderoso testemunho e ainda nos faz almejar e desejar ardentemente a volta de Jesus.
Ainda falando sobre isso, veremos hoje que o sofrimento também nos une e deve nos levar a vivermos e nos importamos com o sofrimento dos nossos irmãos.
Texto Bíblico: 1 Pedro 4:8-11
8 Antes de tudo, tende profundo amor uns para com os outros, porque o amor cobre um grande número de pecados.
9 Sede hospitaleiros uns para com os outros, sem vos queixar.
10 Servi uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons administradores da multiforme graça de Deus.
11 Se alguém fala, fale como quem comunica as palavras de Deus; se alguém serve, sirva segundo a força que Deus concede, para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém.

1 – SEJA AMOROSO E HOSPITALEIRO
SENSIBILIDADE AGUÇADA: O sofrimento produz em nós uma sensibilidade mais aguçada. Passamos a enxergar a vida e os outros com outros olhos. Tornamo-nos mais sensíveis, tolerantes, amáveis e generosos. O sofrimento ajuda a abrirmos o bolso, o coração e a casa para ajudar os irmãos. O sofrimento nos torna mais solidários. As grandes campanhas humanitárias são promovidas por pessoas que passaram por grande dor e sofrimento. Pedro destaca duas atitudes aqui.

- ABRA O CORAÇÃO PARA SEUS IRMÃOS. Antes de tudo, tende profundo amor uns para com os outros, porque o amor cobre um grande número de pecados (4.8). 

O VERBO UTILIZADO: A palavra que Pedro usa para descrever este amor cristão é ektenes (ἐκτενής), vocábulo que significa “aquilo que nunca falha”. Também traz a ideia do atleta que estica os músculos para dar o máximo de si na corrida.

AMOR INTENSO: que exigirá o máximo do nosso esforço, o máximo de suas energias espirituais, mentais e físicas. Significa amar a pessoa que não é digna de ser amada; amar apesar da injúria e do insulto; amar mesmo quando esse amor não é correspondido. É o amor que exigirá toda a nossa energia.

O QUE PEDRO QUIS DIZER SOBRE COBRIR MULTIDÃO DE PECADOS?

Essa expressão tem sido interpretada erroneamente por muitos cristãos. Comumente vemos pessoas lendo esse texto para seu próprio benefício. Em Provérbios 10.12 lemos assim: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todos os pecados”. 

NÃO TRATA-SE DE UMA NOVA DOUTRINA: A expressão “o amor cobre multidão” de pecados não é uma nova doutrina sobre como o pecado é removido. A culpa e a penalidade do pecado só podem ser removidas pelo sangue de Cristo Jesus. 

NÃO É JUSTIFICATIVA PARA PECAR: Fazer boas obras, ser amoroso e atencioso não cobre pecados. Não é uma justificativa á falta de correção e a disciplina dos faltosos. Na verdade, devemos entender que o amor não é conivente com o pecado, mas não se deleita em expor o pecador à execração pública. Warren Wiersbe ilustra esse ponto com clareza:
“Gênesis 9.18-27 apresenta uma bela ilustração desse princípio. Noé embebedou-se e se descobriu de modo vergonhoso. Seu filho, Cão, viu a vergonha do pai e contou para a família. Os outros dois irmãos cobriram o pai e sua vergonha, em uma demonstração de terna preocupação.” 

EXEGESE ERRADA: O amor que eu tenho pelos meus irmãos encobre a minha multidão de pecados. 

EXEGESE CORRETA: Mesmo que o meu irmão cometa uma multidão de pecados contra mim, o meu amor por ele vai cobrir e perdoar todos eles. Em outras palavras, o meu amor pelo meu irmão será maior e cobrirá todos os pecados dele contra mim.
Não devemos ter dificuldade em cobrir os pecados dos outros, pois, afinal, Jesus Cristo morreu para que nossos pecados fossem cobertos com seu sangue.

- ABRA SUA CASA PARA SEUS IRMÃOS “Sede hospitaleiros uns para com os outros, sem vos queixar.” (1 Pedro 4.9) O termo grego traduzido por “hospitaleiros”, filoxenoi, significa literalmente “amigo de estranhos”. 

A HOSPITALIDADE PERMITE FAZER MISSÕES: Na igreja primitiva era absolutamente vital tanto no aspecto da missão quanto da vida comunitária. Hospedar os missionários cristãos era tarefa sumamente importante e tecnicamente fundamental para que o cristianismo se espalhasse pelo mundo. 

A HOSPITALIDADE PROMOVE A COMUNHÃO: Como não havia templos, e todas as reuniões da igreja eram feitas em casas, a hospitalidade era também de importância fundamental para a vida comunitária.

HOSPITALIDADE SEM MURMURAÇÃO: O cristão abre não apenas seu coração, mas também sua casa. O cristão é alguém que tem o coração aberto e a casa aberta. Não basta abrir a casa aos irmãos; precisamos fazer isso com alegria e sem murmuração. O povo de Deus precisa ser hospitaleiro (Êx 22.21; Dt 14.28,29; Rm 12.13; Fm 22; Hb 13.2). Paulo ensinou que um dos requisitos do presbítero é ser hospitaleiro (lTm 3.2; Tt 1.8). Também exortou as viúvas na igreja a mostrarem suas boas obras oferecendo hospitalidade (lTm 5.10). A hospitalidade na igreja primitiva era uma necessidade vital para o avanço missionário da igreja. As pousadas ou hospedarias eram excessivamente caras, sofrivelmente sujas e notoriamente imorais. Sem hospitalidade os missionários itinerantes teriam sua atividade estancada. E mais: nos primeiros dois séculos da era crista não havia templos. Por isso, as igrejas reuniam-se em casas (Rm 16.5; ICo 16.19; Fm 2)

2 – SEJA GENEROSO E TENHA UM CORAÇÃO DE SERVO
SERVIR UNS AOS OUTROS: Precisamos servir uns aos outros, de acordo com o dom que recebemos. Nossa vida deixa de ser egoísta. Nosso propósito é abençoar os outros e edificar o povo de Deus. Nosso alvo é a glória de Deus, a exaltação de Cristo e a edificação dos irmãos. Há cinco listas de dons espirituais no Novo Testamento (Rm 12; ICo 12; ICo 14; Ef4; IPe 4). No texto em apreço, Pedro menciona a diaconia da palavra e a diaconia da mesa, ou seja, o serviço e a pregação (At 6.2-4). Pedro destaca duas verdades aqui.

- ABRA SUAS MÃOS PARA SERVIR. Servi uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons administradores da multiforme graça de Deus. (4.10). 
Há uma frase verdadeira que diz: QUEM NÃO SERVE, NÃO SERVE. O cristão é alguém que segue o exemplo de Jesus, o Senhor que se fez servo, e veio ao mundo não para ser servido, mas para servir (Mc 10.45), o Senhor que usou a bacia e a tolha como seus distintivos. A palavra grega diakonuntes, de onde vem o termo “diaconia”, tem aqui um significado abrangente, incluindo todo tipo de serviço que se pode prestar a outros.

A DIACONIA É PARA TODOS: A diaconia das mesas não é apenas um trabalho realizado pelos diáconos ordenados, mas um serviço que deve ser prestado por todos os salvos. 

MORDOMOS DA GRAÇA: Pedro ressalta aqui que somos oikonomoi, “despenseiros ou mordomos”. Cada cristão deve colocar o dom que recebeu a serviço de todos, porque, ao receberem dons, os cristãos se tornam “despenseiros da graça de Deus”. 

GRAÇA PARA SER DOADA: A charis (graça) é a fonte dos charismata (dons, carismas). Quem os recebe, recebe a graça de Deus. Ter um dom espiritual, portanto, é como ter um “depósito da graça”, que deve extravasar (porque a graça é para ser doada).

O DESPENSEIRO – MORDOMO: O oikonomos, “despenseiro ou mordomo”, era uma função muito importante naquele tempo. Era o encarregado da casa do senhor, administrando os bens para atender as necessidades de toda a família. Cabia-lhe a responsabilidade de atender os negócios da casa e, sobretudo, de servir à mesa. Devemos olhar para nossos irmãos como superiores a nós, a quem devemos servir com fidelidade. 

MULTIFORME GRAÇA: Pedro diz que somos “despenseiros da multiforme graça de Deus”. A palavra poikilos, traduzida por “multiforme”, significa “de diversas cores”. Visualmente, seria como um cristal que reflete a luz em várias matizes com uma sempre e nova surpreendente combinação de cores e tons. Assim como existem “várias (poikilos) provações” (Tg 1.2), existe também “a multiforme (poikilos) graça de Deus” (4.10). Para cada provação da vida, a graça de Deus nos oferece uma saída.

- ABRA SEUS LÁBIOS PARA EDIFICAR A SEU IRMÃO.  “Se alguém fala, fale como quem comunica as palavras de Deus; se alguém serve, sirva segundo a força que Deus concede, para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém. (4.11) 

TRANSMITA “A PALAVRA DE DEUS”: O cristão deve ter o coração aberto, a casa aberta, as mãos abertas e os lábios abertos. Deve falar não o que pensa, mas de acordo com as Escrituras. O cristão não gera a mensagem; ele a transmite. O pregador é aquele que primeiramente escuta a Deus e depois fala aos homens. Certamente, a expressão “Se alguém fala” inclui todos os tipos de ministérios na igreja que primam pela comunicação da graça de Deus em palavra (pregação, ensino e literatura).

TUDO É PARA A GLÓRIA DE DEUS: Finalmente, Pedro diz que tanto a diaconia das mesas (servir) quanto a diaconia da Palavra (falar) têm um único propósito: que Deus seja glorificado por intermédio de Jesus Cristo. Consequentemente, aqueles que pregam buscando glórias para si mesmos estão em total desacordo com o ensino do apóstolo Pedro.
“Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Romanos 11.36)

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