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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

SÉRIE 1 PEDRO: 7 – O EXEMPLO MÁXIMO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO



7 - O EXEMPLO MÁXIMO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO
(05-04-2017)

Introdução: Estamos numa jornada fabulosa de aprofundamento e aprendizado com as cartas do apóstolo Pedro. A cada versículo encontramos profundos ensinamentos que serviram à igreja primitiva, continua nos exortando e continuará pelas vindouras gerações até Cristo voltar. No texto que estudamos na semana passada, Pedro inicia uma sequência de orientações sobre a postura do cristão em quatro áreas:
  • O CRISTÃO COMO CIDADÃO (2.11-17), 
  • O CRISTÃO COMO TRABALHADOR (2.18-25), 
  • O CRISTÃO COMO CÔNJUGE (3.1-7) E 
  • O CRISTÃO COMO MEMBRO DA IGREJA (3.8-12).

Texto Bíblico: 1 Pedro 2.18-25
18 Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus.
19 Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente.
20 Pois que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus.
21 Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos.
22 "Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca".
23 Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça.
24 Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.
25 Pois vocês eram como ovelhas desgarradas, mas agora se converteram ao Pastor e Bispo de suas almas.

1 – BONS SERVOS POR CAUSA DE DEUS 

18 Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus.
19 Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente.
20 Pois que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus.” (1 Pedro 2. 18-20)

Nos versos anteriores, aprendemos com Pedro que precisamos respeitar e nos sujeitar às autoridades constituídas. Este ensinamento está fundamentado em diversos textos da palavra de Deus, o qual constitui toda autoridade em todas as instâncias. 
A submissão é um princípio espiritual que rege a vida do cristão tanto como cidadão quanto trabalhador. No texto que lemos queremos destacar alguns pontos. 

1º A SUBMISSÃO, A DESPEITO DA MALDADE. “Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus. (2.18). 

NÃO À REBELDIA: A fé cristã não incitou os crentes à rebeldia nem a um levante. Ao contrário, orientou-os a se submeterem, com todo o temor, a esses patrões, ainda que sofrendo injustiça e crueldade. 

SENHORES – DÉSPOTAS: A palavra grega usada aqui para descrever “senhor” é δεσπότης (despótes), de onde vem nossa palavra “déspota”. O termo deixa implícito o poder e a autoridade ilimitada do senhor. Alguns cristãos serviam a mestres que eram bons e cheios de consideração, mas outros tinham de suportar os caprichos de mestres injustos e inescrupulosos.

SERVOS – ESCRAVOS: A palavra grega oiketai, “servos” (derivada de oikos, “casa”), designa moradores da casa, escravos domésticos ou escravos alforriados. Portanto, Pedro se dirige aos “escravos domésticos ou da casa”, aqueles que moravam e trabalhavam na casa de seus senhores. Na época, existiam mais de sessenta milhões de escravos no império romano e estes eram maioria na igreja primitiva. Segundo a lei romana, o escravo não era uma pessoa, mas um objeto, uma “ferramenta viva” para o trabalho.

ESCRAVOS CONVERTIDOS: Os escravos convertidos, por causa da sua nova identidade em Cristo, poderiam revoltar-se contra os seus patrões. Pedro, porém, recomenda que eles fossem submissos aos senhores, independentemente de estes serem bons ou ruins. 

COMO SE FOSSE PRO SENHOR: Trata-se de uma orientação que também foi dada por Paulo
Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo. Obedeçam-lhes não apenas para agradá-los quando eles os observam, mas como escravos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus. Sirvam aos seus senhores de boa vontade, como ao Senhor, e não aos homens, Efésios 6:5-7 
(Cl 3.22; lTm 6.1; Tt 2.9). O motivo da submissão está no temor a Deus. Por causa disso, o escravo deveria sujeitar-se ao seu patrão (IPe 1.17, 3-2,15). O cristianismo não aboliu as distinções sociais, mas introduziu um conceito revolucionário de relacionamento. Todos os cristãos eram irmãos em Cristo Jesus (Fm 16). Todo trabalho deveria ser feito como se fosse para o próprio Jesus e para a glória de Deus (Cl 3.17; ICo 10.31).
  • O CRENTE PODE MANIFESTAR-SE, MAS SEM INSURGIR-SE
  • PODE REIVINDICAR DIREITOS, MAS SEM LESAR O PATRÃO
  • PODE PROTESTAR, MAS SEM ANARQUIZAR 

2º A SUBMISSÃO, A DESPEITO DA INJUSTIÇA. Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente. (2.19) 


AÇOITADOS INJUSTAMENTE: Muitos escravos eram castigados com trabalhos forçados e açoites rudes. Naquela época, um escravo não tinha direitos garantidos por lei. Eram apenas ferramentas vivas. Seus sentimentos e desejos não eram respeitados. Mesmo suportando tristezas e injustiças, deveriam manter sua consciência pura diante de Deus, trabalhando com dedicação e reverência. Foi essa atitude dos escravos cristãos que impactou o império e provocou a maior de todas as revoluções, a revolução do amor que tudo vence. Concluímos, portanto, que a gratidão a Deus por sofrermos injustamente é o segundo fator motivacional para a submissão. Quando oferecemos o bem àqueles que nos dirigem o mal, somos recompensados por Deus (Lc 6.32-35). Quando suportamos injustiças fazendo a vontade de Deus, ele nos abençoa (Mt 5.11,12).

SUPORTE AS AFLIÇÕES: Suporte comigo os sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus.(2 Timóteo 2:3)

SOFRENDO INJUSTAMENTE: Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a vingança; eu retribuirei", diz o Senhor. (Romanos 12:19)

3º A SUBMISSÃO, A DESPEITO DA AFLIÇÃO. Pois que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus.” (2.20). 
  • NÃO CONFUNDA SOFRIMENTO COM CONSEQUÊNCIAS DO PECADO:  O escravo não deveria jamais sofrer como rebelde insubmisso. Não há mérito algum em ser esbofeteado por ter sido flagrado no erro.
  • O QUE AGRADA A DEUS É O CRISTÃO SOFRER POR SUA FÉ: O que agrada a Deus é o cristão sofrer por sua fé, por sua consciência limpa e pela prática do bem. PAGAR O PREÇO, 


2 – JESUS - O EXEMPLO MÁXIMO DE SUBMISSÃO 

Depois de falar sobre a submissão em geral e sobre a necessidade de submetermo-nos aos governos e patrões, Pedro encoraja os cristãos oferecendo-lhes o modelo de Cristo, o maior de todos os exemplos de submissão. Pedro apresenta-nos três retratos de Cristo: ele é nosso exemplo (2.21-23), morreu em nosso lugar (2.24) e é nosso Pastor atento no céu (2.25).192 Pedro chama a atenção dos cristãos que sofrem injustamente neste mundo para o sofrimento de Cristo. Destacamos aqui alguns pontos.

1º O SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO DE CRISTO. Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos. (2.21). 

JESUS SOFREU INJUSTAMENTE E EXTREMAMENTE: Pedro encoraja seus leitores, que sofrem injustamente, a olharem para Jesus. Ao olharmos para Jesus, obtemos alento para suportar com paciência os sofrimentos da carreira cristã (Hb 12.1-3). Matthew Henry salienta que os sofrimentos de Cristo nos devem aquietar diante dos sofrimentos mais injustos e cruéis que enfrentamos no mundo. Se ele sofreu voluntariamente não por si mesmo, mas por nós, com a máxima prontidão, com perfeita paciência, de todos os lados, e tudo isso apesar de ser Deus-Homem, não deveríamos nós, que merecemos o pior, nos submeter às leves aflições desta vida, que produzem para nós vantagens indizíveis? Pedro recorre à profecia de Isaías 53, que trata do sofrimento e morte expiatória de Jesus, e aplica essa verdade doutrinária à vida do povo. Com isso, Pedro enfatiza que todo cristão foi chamado para uma vida de sofrimento. Concordo com Kistemaker quando diz que seguimos Cristo não no grau de angústia e dor, mas na maneira como ele suportou o sofrimento.

SEGUIR A CRISTO TAMBÉM SIGNIFICA SOFRER POR ELE: o servo não pode ser maior que o seu Senhor . Jesus alertou aos discípulos que o servo não é maior que o seu Senhor e que, assim como o mundo o odiava e o perseguia, também eles seriam perseguidos (Jo 15.20). Todo cristão, por causa da sua identificação com Cristo, tem um chamado para o sofrimento (Fp 1.29). Não existe discipulado sem cruz.

ELE DEIXOU O EXEMPLO: Todo cristão deve seguir o exemplo deixado por Cristo. Pedro usa a figura educacional de uma criança que aprende a escrever utilizando um “caderno de caligrafia”.  A palavra grega υπογραμμον (jypogrammos), traduzida por “exemplo”, como num caderno de caligrafia, se refere “aos contornos claros das letras” sobre os quais os alunos que aprendiam a escrever faziam os seus traços e também a um conjunto de letras escritas no alto da página ou outro texto qualquer para ser copiado pelo aluno no resto da página”.195 Devemos escrever a nossa vida copiando o modelo de Jesus.

2º O EXEMPLO DEIXADO POR CRISTO. "Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca". (2.22). 

  • JESUS NÃO FOI PRODUTO DO MEIO EM QUE ESTAVA: Essa é a primeira citação direta à profecia messiânica de Isaías 53.9. Pedro cita essa passagem de Isaías para indicar a ausência total de pecado em Jesus. O ladrão crucificado à direita de Jesus afirmou acerca do Mestre: ... mas este nenhum mal fez (Lc 23.41).
  • COMO ELE PODEMOS FAZER A DIFERENÇA: Jesus reprovaria as teses de John Locke, que afirmava ser o homem produto do meio. Jesus viveu num mundo caído, foi alvo das críticas mais perversas, dos ataques mais sórdidos, contudo jamais cometeu pecado e engano algum se achou em seus lábios.
  • PRECISAMOS VIVER EM BUSCA DA SANTIDADE: Embora não tenhamos condições de imitar a Cristo no sentido pleno, pois somos pecadores, devemos seguir suas pegadas, em busca de uma vida santa, mesmo sendo vítimas das mais profundas injustiças.

3º A REAÇÃO TRANSCENDENTE DE CRISTO. Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça. (2.23). 
  • COMO OVELHA MUDA PERANTE OS SEUS TOSQUEADORES: Os principais sacerdotes e anciãos acusaram Jesus de muitas coisas, mas ele não retrucou (Mt 27.12-14). Sofreu na cruz sem murmurar (Mt 27.34-44). 
  • OROU: PAI, PERDOA-LHES POIS NÃO SABEM O QUE FAZEM: Não invocou a ira de Deu sobre seus perseguidores nem exigiu retaliação, antes orou por seus inimigos: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23.43).
  • JESUS MANDA QUE AMEMOS OS NOSSOS INIMIGOS: Jesus tinha poder para
    fulminar seus inimigos com apenas um olhar. Poderia despejar sobre seus inimigos toda a injúria que lançavam sobre ele, mas preferiu ir para a cruz como uma ovelha muda. Preferiu rogar ao Pai perdão para seus algozes, inclusive atenuando-lhes a culpa. A reação transcendente de Jesus serve de estímulo para o povo de Deus que está sendo perseguido e ameaçado no mundo. Matthew Henry destaca que a grosseria, a crueldade e a injustiça dos inimigos não justificam que os cristãos injuriem os inimigos e se vinguem deles. As razões para o pecado nunca podem ser grandes demais, pois sempre teremos razões mais fortes para evitá-lo.


4º A MORTE VICÁRIA DE CRISTO. Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados. (2.24). 
Simon Kistemaker destaca três verdades importantes no versículo: 
  1. A maneira. Cristo carregou nossos pecados em seu corpo no madeiro. Essa é a essência da profecia de Isaías 53: ... tomou sobre si as nossas enfermidades... (Is 53.4a); ... as iniquidades deles levará sobre si (Is 53.11b) e ... levou sobre si o pecado de muitos (Is 53.12b). 
  2. A importância. Cristo fez isso para que pudéssemos morrer para o pecado e viver para a justiça.
  3. A consequência. A palavra “curados” significa “perdoados”. Pedro está dizendo que o açoitamento de Jesus antes da crucificação e os ferimentos sofridos na cruz foram o castigo que ele pagou para a redenção dos cristãos.199


5º O CUIDADO PASTORAL DE CRISTO. Pois vocês eram como ovelhas desgarradas, mas agora se converteram ao Pastor e Bispo de suas almas. (2.25). 
Pedro usa aqui duas palavras muito ricas para descrever Jesus: Pastor e Bispo. O termo grego poimen, traduzido por “Pastor”, aponta para o cuidado, a vigilância e o sacrifício do Senhor em nosso favor. Já o termo episkopos, traduzido por “Bispo”, refere-se à sua supervisão e liderança.
Todo cristão era uma ovelha desgarrada encontrada por Jesus. Todo cristão é pastoreado por Jesus. Pedro chama Jesus por dois preciosos nomes: Pastor e Bispo da nossa alma. Pastor é o que cuida, e Bispo é o que supervisiona. Matthew Henry tem razão em dizer que os pecadores, antes da conversão, estão sempre desviados; sua vida é um erro constante. Jesus, porém, o supremo pastor e o bispo das almas, está sempre presente com o seu rebanho e está sempre vigiando por ele.200
Jesus é o Pastor da nossa alma. A igreja é o rebanho pastoreado por Jesus. Na teologia do Antigo Testamento, o ofício de pastor, aquele que cuida do seu rebanho, é utilizado para ilustrar o cuidado de Deus com o povo de Israel (SI 23.1; 79.13; 80.1). Deus é o Pastor de Israel (Ez 34.15). No Novo Testamento, Jesus se apresenta com o mesmo ofício divino de Pastor: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Jesus, o bom Pastor, morreu para salvar as suas ovelhas e constituir o seu rebanho (Jo 10.26-28). Ele guia, protege, alimenta e vai atrás das ovelhas. E o bom Pastor que morreu pelas suas ovelhas (SI 22), o grande Pastor que vive para suas ovelhas (SI 23) e o Supremo Pastor que voltará para suas ovelhas (SI 24).
Jesus é também o Bispo da nossa alma, aquele que cuida e supervisiona as ovelhas. William Barclay comenta que na língua grega esta palavra tem uma longa história com grandes significados, indicando “o protetor da segurança pública, o guardião da honra e da honestidade, o supervisor da correta educação e da moral pública, o administrador da lei e da ordem”. Chamar Jesus de Bispo significa reconhecê-lo como nosso Protetor, Supervisor, Guia e Diretor da nossa alma.201

CONCLUSÃO
Concluímos com as palavras de Warren Wiersbe: Nesse capítulo 2, Pedro apresentou muitas imagens admiráveis do crente. 
  • Somos crianças que se alimentam com a Palavra;
  • Pedras do templo; 
  • Sacerdotes no altar; 
  • Geração escolhida;
  • Povo comprado; 
  • Nação santa; 
  • Povo exclusivo de Deus; 
  • Forasteiros e peregrinos; 
  • Discípulos que seguem o exemplo do Senhor; 
  • e Ovelhas de quem o Pastor cuida. 

A vida cristã é tão rica e plena que são necessárias essas comparações e muitas outras para mostrar como ela é maravilhosa.



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