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segunda-feira, 3 de julho de 2017

SÉRIE 1 PEDRO: 01 - SALVAÇÃO - O PRESENTE DE DEUS



1 – SALVAÇÃO - O PRESENTE DE DEUS
(15-02-2017)

Introdução: A partir de hoje vamos iniciar uma série de mensagens expositivas das cartas do apóstolo Pedro às igrejas que foram dispersas pela perseguição e que estavam precisando de alento, de encorajamento e de palavras de esperança e de pastoreio. A cada versículo, Pedro nos surpreende com palavras simples, mas repletas de profundidade e significado para a igreja primitiva e também para a igreja de todos os séculos. 

Texto Bíblico: 1 Pedro 1:1-3
1. Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia,
2. escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue: Graça e paz lhes sejam multiplicadas.
3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,


1 - O REMETENTE DA CARTA. 
“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia,” (1 Pedro 1.1)
Pedro foi um pescador galileu, da cidade de Betsaida, irmão de André, chamado por Cristo para ser discípulo. Seu nome é Simão, em aramaico Cefas, conhecido em grego como Pedro, cujo significado é “rocha” ou “fragmento de rocha”. Pedro foi escolhido por Cristo como apóstolo, e seu nome ocupa sempre o topo dessa lista. Líder natural entre o colégio apostólico, desfrutou com Tiago e João lugar de intimidade ao lado do Senhor. Guilherme Orr diz que Pedro foi porta-voz dos doze e figura de proa na igreja primitiva. Enquanto o nome de Paulo é mencionado 162 vezes, e os nomes de todos os outros apóstolos juntos são citados 142 vezes, Pedro é citado nominalmente 210 vezes.
Em virtude de um temperamento esquentado, Pedro algumas vezes falava sem pensar, oscilando entre coragem e covardia, entre avanços e recuos. Mesmo tendo negado a Cristo, foi restaurado e poderosamente usado por Jesus para abrir a porta do evangelho tanto a judeus como a gentios. Foi encarregado de apascentar o rebanho de Cristo e fortalecer a seus irmãos. Essa missiva é o cumprimento desse ministério que Cristo lhe confiou. Na mesma linha de pensamento, Myer Pearlman escreve: “Esta epístola nos oferece uma ilustração esplêndida de como Pedro cumpriu a missão que lhe foi dada pelo Senhor: Tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos (Lc 22.32).”
Pedro, apóstolo de Jesus Cristo... (1.1). De acordo com o modo antigo de se escrever, 1 Pedro começa com a sequência: autor, destinatários, saudação. Vamos destacar quatro fatos importantes apresentados na introdução.
Na época em que os livros eram escritos em rolos, o nome do remetente e dos destinatários era informado logo no início do documento, para que se soubesse com clareza de onde o texto procedia e a quem era enviado. Pedro se apresenta como apóstolo de Jesus Cristo. Sua autoridade não procede de si mesmo, mas é delegada pelo próprio Filho de Deus. Simon Kistemaker alerta que um apóstolo não transmite suas próprias ideias
sobre a mensagem daquele que o envia. Ninguém tem competência para constituir-se apóstolo, e nenhuma igreja ou denominação pode legitimamente constituir alguém apóstolo. Essa é uma prerrogativa exclusiva de Jesus Cristo.
Uwe Holmer diz acertadamente que a palavra Cristo não é um nome como entendemos hoje, mas um título que o significa o Ungido, o Messias. Pedro é, portanto, um apóstolo do Messias Jesus. O Crucificado foi exaltado por Deus como Senhor e Messias (At 2.36).

2 - OS DESTINATÁRIOS DA CARTA
... aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1.1). 
Antes de Pedro nos dizer onde vivem os destinatários da missiva, ele os descreve espiritual, social e politicamente.  Esta carta é uma epístola geral, enviada a várias igrejas da Ásia Menor, aquela parte que Paulo não evangelizou, ou seja, as províncias localizadas no norte, leste, oeste e centro da Ásia Menor.
Esses cristãos são descritos como eleitos de Deus, mas estão dispersos pelo mundo. São forasteiros, vivem como estrangeiros na terra e exilados da eternidade, mas seus nomes estão arrolados no céu. Eles não têm aqui cidade permanente, mas caminham para a cidade santa. Vivem na terra, mas são cidadãos dos céus. Uwe Holmer descreve os cristãos como a “semeadura” de Deus que precisa ser disseminada. E assim que os cristãos se inserem na diáspora. Simon Kistemaker caracteriza os destinatários como segue:
  • ESPIRITUALMENTE, SÃO ELEITOS DE DEUS. Os cristãos são o povo de Deus, escolhidos na eternidade, separados do mundo, padecendo o ódio do mundo e suportando sofrimento e perseguição, mas ao mesmo tempo proclamando as virtudes de Deus no mundo (2.9).
  • SOCIALMENTE, SÃO FORASTEIROS NO MUNDO. Os cristãos são moradores estrangeiros deste mundo (Hb 11.13). Aqui não é o seu lar, pois sua estada na terra é temporária (2.11). Sua cidadania é do céu (Fp 3.20). Portanto, sendo eleitos de Deus, vivem aqui na terra como exilados e residentes temporários. William Barclay diz que o povo de Deus é o povo exilado da eternidade. Embora esteja no mundo, não é do mundo. Mesmo apartado do mundo, insere-se no mundo como sal e luz.
  • POLITICAMENTE SÃO DISPERSOS. A palavra “dispersão” se refere ao exílio e a seus resultados. Após a morte de Estêvão, os judeus cristãos foram espalhados e tiveram que ir morar em outros países (At 8.1; 11.19;Tg 1.1)
Enio Mueller observa que os cristãos têm a sua dispersão originada na eleição. O fato de serem eleitos por Deus, e assim separados do mundo, faz que o mundo todo seja diáspora para eles. Onde quer que estejam, encontram-se sob o signo da eleição de Deus, que os torna diferentes e os desarraiga do mundo, mesmo morando em seu próprio chão. Eles já não têm mais aqui uma pátria ou propriedades consideradas exclusivamente suas; experimentaram uma realidade qualitativamente diferente e aspiram agora pela estada definitiva em sua “nova pátria”.

3 - O PLANO ETERNO DE DEUS. 
Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo... (1.2).
 Logo no início de sua missiva, Pedro deixa claro que a salvação é obra exclusiva do Deus Triúno, e não fruto do merecimento humano. Três verdades são afirmadas aqui.

1. O PAI ESCOLHE MEDIANTE SUA PRESCIÊNCIA. A eleição divina é um decreto eterno de Deus. O Senhor nos escolheu antes dos tempos eternos, em Cristo, pela santificação do Espírito e pela fé na verdade, para sermos santos e irrepreensíveis e praticarmos boas obras. A presciência {prognosis) de Deus, ou seu conhecimento prévio, não significa meramente que Deus sabe quem será salvo, mas que está ativamente empenhado no processo, determinando antes do tempo a salvação de cada um de nós e concretizando-a, depois, no tempo e no espaço. Por um lado, a nossa salvação depende completamente da nossa decisão e somos pessoalmente responsáveis por ela. Por outro lado, contudo, a nossa salvação repousa totalmente na eleição prévia da parte de Deus, na sua incompreensível bondade para conosco em Jesus Cristo. 

2. O FILHO REDIME COM SEU SANGUE. A eleição eterna não dispensa o sacrifício de Cristo na cruz. O Deus que nos escolheu antes da fundação do mundo para a salvação, esse mesmo determinou salvar-nos mediante a morte vicária de seu Filho. O sangue de Cristo vertido na cruz é a causa meritória da nossa salvação.

3. O ESPÍRITO SANTO SANTIFICA OS ELEITOS REDIMIDOS. O Pai escolhe, o Filho redime e o Espírito aplica a salvação nos eleitos e santifica-os para a vida eterna. Todos aqueles que são eleitos pelo Pai são redimidos pelo sangue de Cristo e santificados pelo Espírito Santo. A eleição divina, longe de ser um desestímulo à santificação, é seu maior encorajamento, uma vez que fomos eleitos e redimidos pela santificação e para a santificação.

4. A SAUDAÇÃO APOSTÓLICA.... graça e paz vos sejam multiplicadas (1.2b). A graça é a base da salvação, e a paz, seu resultado. A graça é a raiz, e a paz, seu fruto. A graça é a causa, e a paz, sua consequência. Não há graça sem paz nem paz sem graça. Ambas caminham juntas. A graça é o favor imerecido de Deus aos pecadores indignos, e a paz é o estado de reconciliação com Deus assim como a harmonia dela resultante.

4 - A FONTE E A NATUREZA DA SALVAÇÃO
 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, (1.3)
Num tempo de extrema perseguição, sofrimento e dor, o apóstolo Pedro inicia a sua carta com uma doxologia. Não começa com o homem, começa com Deus. Não inicia com as necessidades humanas, mas com os louvores que Deus merece. Aqui Pedro mostra a fonte da salvação: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo a sua muita misericórdia...”. Pedro começa louvando a Deus por sua salvação. A salvação é uma obra exclusiva de Deus. Ele deve ser exaltado por tão grande salvação. Seu nome deve ser magnificado por presente tão auspicioso.
Antes de apresentarmos nossas dores, nossas lutas, nossas lágrimas e nossas perdas neste mundo, devemos levantar os olhos ao céu e exaltar aquele que nos amou, nos escolheu e providenciou todas as coisas para a nossa salvação. Quando exaltamos a Deus por quem ele é e por aquilo que ele tem feito por nós, sentimo-nos fortalecidos para enfrentarmos nossas leves e momentâneas lutas.
Pedro faz uma transição da fonte da salvação para a sua natureza, mostrando que o plano estabelecido na eternidade concretiza-se no tempo. Aquilo que foi planejado no céu realiza-se na terra. Duas verdades preciosas são aqui destacadas.
  • A REGENERAÇÃO. “... nos regenerou...” (1.3). A regeneração é uma obra do Espírito Santo em nós. Ele muda nossas disposições íntimas, dando-nos um novo coração, uma nova mente, uma nova vida. Nascemos da semente incorruptível. Temos não apenas um novo status (justificação), mas também uma nova vida (regeneração). Tornamo-nos filhos de Deus, membros de sua família. Enio Mueller diz que o cristão renasce dentro de uma nova família (Ef 2.19), passando a ter com Deus uma relação de filho (Jo 1.12), e com Jesus, uma relação de irmão (Rm 8.29).
  • A VIVA ESPERANÇA.... para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos (1.3). O apóstolo Paulo descreve o mundo pagão como sem esperança (Ef 2.12). Sófocles escreveu: “Não nascer é, inquestionavelmente, a maior felicidade. A segunda maior felicidade é, tão logo nascer, retornar ao lugar de onde se veio”. O cristianismo é a religião da esperança. Não caminhamos para um futuro desconhecido, marchamos para uma glória eterna. A regeneração nos leva a uma viva esperança. Somos regenerados para uma qualidade superlativa de vida.
Somos regenerados para a esperança, e essa esperança tem duas características: Primeiro, ela é viva. Segundo, ela é segura, pois está fundamentada na ressurreição de Jesus Cristo. Nossa esperança não é vaga e incerta, mas definida e garantida. Concordo com o parecer de Simon Kistemaker: “Sem a ressurreição de Cristo, nossa regeneração não seria possível e nossa esperança não faria nenhum sentido”.






Esta série de mensagens tem como principal fonte de pesquisa o Livro Comentário Expositivo de 1 Pedro de autoria do Rev. Hernandes Dias Lopes publicado pela editora Hagnos

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