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sábado, 17 de outubro de 2020

2 – HABACUQUE, SEU TEMPO E SUA MENSAGEM - SÉRIE DE MENSAGENS: HABACUQUE

 


TEXTO BÍBLICO: HABACUQUE 1. 1-11

1. Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? 

2. Até quando gritarei a ti: "Violência! " sem que tragas salvação?

3. Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado.

4. Por isso a lei se enfraquece e a justiça nunca prevalece. Os ímpios prejudicam os justos, e assim a justiça é pervertida.

5. "Olhem as nações e contemplem-nas, fiquem atônitos e pasmem; pois nos dias de vocês farei algo em que não creriam, se lhes fosse contado.

6. Estou trazendo os babilônios, nação cruel e impetuosa, que marcha por toda a extensão da terra para apoderar-se de moradias que não lhe pertencem.

7. É uma nação apavorante e temível, que cria a sua própria justiça e promove a sua própria honra.

8. Seus cavalos são mais velozes que os leopardos, mais ferozes que os lobos no crepúsculo. Sua cavalaria vem de longe. Seus cavalos vêm a galope; vêm voando como ave de rapina que mergulha para devorar;

9. todos vêm prontos para a violência. Suas hordas avançam como o vento do deserto e fazendo tantos prisioneiros como a areia da praia.

10. Menosprezam os reis e zombam dos governantes. Riem de todas as cidades fortificadas, pois constroem rampas de terra e por elas as conquistam.

11. Depois passam como o vento e prosseguem; homens carregados de culpa, e que têm por deus a sua própria força".


1 - O HOMEM HABACUQUE

NÃO HÁ INFORMAÇÕES DETALHADAS SOBRE HABACUQUE: Nada sabemos acerca da família, da procedência e da posição social de Habacuque. Henrietta Mears diz que pouco nós sabemos deste profeta da fé, exceto que formulava perguntas e obtinha respostas.  Seu nome só é citado duas vezes e apenas no seu próprio livro (1.1; 3.1), embora sua mensagem tenha tido grande repercussão no Novo Testamento. 

SEU NOME SIGNIFICA “ABRAÇO”, “ABRAÇAR”: O nome Habacuque, segundo os mais eruditos estudiosos significa “abraçar”. Jerônimo, o tradutor da Vulgata, entendeu que fosse “abraço”, mas de luta. Seria assim, “porque ele lutou contra Deus”.  Ele tanto se agarrou a Deus buscando resposta para suas íntimas e profundas indagações como abraçou o povo, levando-lhes a consoladora verdade de que o inimigo opressor seria exemplarmente julgado por Deus. Enquanto o povo da aliança triunfaria sobre a crise e viveria pela fé, os soberbos caldeus seriam eliminados sem jamais serem restaurados.


2 - O TEMPO DE HABACUQUE

LINHA DO TEMPO: Habacuque profetizou no final do período do Reino de Judá. O Reino do Norte por não ouvir os profetas de Deus, já havia sucumbido ao poderio militar da Assíria há mais de cem anos, pois em 722 a.C., a orgulhosa cidade de Samaria foi entrincheirada durante três e anos e finalmente caiu impotente diante da supremacia militar daquela poderosa potência estrangeira. O Reino do Norte durou apenas duzentos e nove anos e durante todo esse tempo endureceu sua cerviz e andou longe dos caminhos de Deus. O cativeiro sem volta foi sua herança. A ferida sem cura foi seu legado

O REINO DO SUL (REINO DE JUDÁ): O Reino do Sul alternou entre caminhadas na direção de Deus e escapadas perigosas para distanciar-se do Eterno. Quando reis piedosos ascendiam ao poder havia concerto e o povo dava ouvidos aos profetas e se arrependia de seus pecados, mas quando reis ímpios e idólatras governavam o povo era oprimido e ainda se desviava para longe de Deus. 

As lições da queda do Reino do Norte não foram suficientes para abrir os olhos de Judá nem as reformas religiosas realizadas pelo rei Josias no ano 621 a.C., tiveram profundidade suficiente para evitar a tragédia do cativeiro. Logo após a morte de Josias, Jeoaquim resistiu fortemente à pregação do profeta Jeremias, queimou os rolos do Livro e lançou o profeta na prisão. Nesse mesmo tempo, a mapa da política internacional estava passando por grandes mudanças. A poderosa Assíria tinha caído nas mãos dos babilônios em 612 a.C. O Egito, outra superpotência da época marchou com seus carros blindados para o norte da Síria, em Carquemis, atravessando o território de Judá para enfrentar o exército caldeu. Nessa encarniçada peleja Faraó Neco, sucumbe também ao poderio militar da Babilônia em 605 a.C. Nesse mesmo ano, Nabucodonosor, o megalomaníaco rei da Babilônia, que governou aquele majestoso império e construiu a gloriosa cidade com seus muros inexpugnáveis e seus jardins suspensos, cercou a cidade de Jerusalém. Estava lavrada a sorte desse Reino desprezava a Palavra de Deus e oprimia os fracos e aviltava a justiça. 

Foi nesse tempo de ascensão galopante da Babilônia, da queda repentina da Assíria e do Egito, do encurralamento de Jerusalém que Habacuque aparece. George Robinson diz que a destruição e a violência eram perpetradas pelos caldeus nas nações em geral (1.5,10,13; 2.5,6). Judá não havia ainda sido invadida, mas o Líbano já havia começado a sofrer (2.17), e a aproximação do inimigo estava cada mais próxima (1.4). Todas essas considerações juntas assinalam a data da profecia de Habacuque para depois da batalha de Carquemis, ou seja, por volta do ano 603 a.C.  Ele foi contemporâneo de Jeremias. Ele sofreu as mesmas pressões, as mesmas angústias e viu os mesmos perigos. 

Stanley Ellisen nessa mesma linha de pensamento diz que podemos situar a profecia de Habacuque por volta de 607 a.C., durante o iníquo reinado de Jeoaquim, antes de Judá ser subjugado por Nabucodonosor em 606 e isso porque a referência aos caldeus, que viriam numa inacreditável ferocidade (1.6) sugere uma data anterior a 605 e posterior às suas conquistas iniciais. Outrossim, a ausência de qualquer referência a Nínive sugere uma data posterior à destruição dessa cidade em 612 a.C. Finalmente, a grande preocupação do profeta quanto à violência de Judá sugere uma época posterior à morte de Josias, no iníquo reinado de Jeoaquim. 


3 - O ESTILO DO PROFETA HABACUQUE

LIVRE PENSADOR: Habacuque era um homem que se integrava às lucubrações. Kyle Yates o denomina de “um livre pensador entre os profetas”;   um homem que 

TINHA CORAGEM DE EXPOR SUAS DÚVIDAS: tinha coragem de abrir o peito e expor suas dúvidas. 

Concordo com Isaltino Gomes quando afirmou que Deus não nos proíbe de pensar nem mesmo nos exige um “suicídio intelectual”.  

A FÉ NÃO ANULA A RAZÃO. Pelo contrário, a fé ilumina, esclarece e reorienta a razão. Pensar não é pecado. 

HABACUQUE É NOSSO CONTEMPORÂNEO.
Lendo-o, podemos ouvir as dúvidas do jovem estudante universitário, as questões do intelectual, daquele que pensa a nível de questionamentos.  

DA DÚVIDA PARA A FÉ: Habacuque nos ensina a fazer a dolorosa transição da dúvida para a fé. 

Habacuque usou vários métodos para expor sua mensagem. Crabtree diz que Habacuque usou freqüentemente o símile (1.8,11,14), a metáfora (1.10,12), a personificação (2.11) e perguntas retóricas (1.2,17; 2.13). 

Habacuque é um profeta sui generis, em seu estilo. Ele difere de todos os outros na sua abordagem. Todos os outros profetas ergueram a voz, em nome de Deus, para confrontar o povo e chamá-lo ao arrependimento. O profeta Amós convocou as nações estrangeiras e, sobretudo, o povo de Deus a arrepender-se de suas atrocidades. O profeta Isaías embocou sua trombeta contra as nações estrangeiras e anunciou-lhes o juízo de Deus. O profeta Jonas foi à capital da Assíria, à impiedosa cidade de Nínive, e pregou em suas ruas sobre a subversão que desabaria sobre ela. O profeta Naum profetizou a queda da Assíria e o profeta Obadias a queda de Edom.  

HABACUQUE CONFRONTOU A DEUS: Porém, Habacuque não confrontou o povo, mas a Deus. Em vez de falar à nação da parte de Deus, ele falou a Deus da parte da nação. Em vez de chamar a rebelde Jerusalém ao arrependimento, ele cobrou de Deus sua inação diante das calamidades que saltavam aos seus olhos. J. Sidlow Baxter diz que ao contrário dos outros profetas, Habacuque não se dirige nem a seus patrícios nem a um povo estrangeiro: seu discurso é feito apenas para Deus.  Charles Feinberg somando com esse pensamento diz que o livro de Habacuque difere dos discursos regulares dos profetas que pregaram a Israel. Seu livro é o registro da experiência de sua própria alma com Deus. Os profetas falavam em nome de Deus aos homens, ao passo que ele discute com Deus, em tom de censura, acerca dos procedimentos divinos em relação com os homens.  As queixas de Habacuque não são dirigidas contra os pecadores, mas contra o Santo. 

David Beker ainda nessa mesma rota afirma que uma das funções do profeta era servir de intermediário entre o Deus de Israel e o seu povo. Era ele quem devia indicar quando as pessoas se afastavam da aliança que voluntariamente haviam firmado, e instar com elas para que a retomassem. Habacuque assume a tarefa ir na outra direção, chamando Deus para prestar contas das ações que não pareciam corresponder às prescrições da aliança. A situação de um profeta já era suficientemente precária quando confrontava seu povo; imagine-se, então, quão raro seria o indivíduo que se arriscasse a confrontar o seu Deus. Habacuque era um desses.  

TENTATIVAS DE ENTENDER O MODO DE DEUS AGIR: O maior problema de Habacuque não era fazer um diagnóstico da doença de sua nação, mas um estudo do comportamento de Deus. O que mais lhe causou espanto não foi a derrocada moral da sua gente, mas a demora e o silêncio de Deus diante da calamidade do seu povo. Habacuque teve dificuldade de conjugar o caráter santo de Deus com a aparente inação de Deus diante do prevalecimento do mal. 

ENTENDER O SILÊNCIO DE DEUS: Ele entrou em crise quando suas orações deixaram de ser atendidas no tempo que gostaria de vê-las respondidas e sua crise ainda se agravou por demais, quando Deus as respondeu de maneira inimaginável. 

ENTENDER AS RESPOSTAS DE DEUS: Os caminhos de Deus não sãos os nossos caminhos. Deus não pode ser domesticado. Ele é soberano e não segue a agenda que tentamos traçar para ele. Ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade. Deus diz para Habacuque que não estava inativo, mas trabalhando para responder sua oração, trazendo os caldeus para serem a vara da disciplina contra o seu povo. 


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