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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

PASTORAL - QUANDO JOGAMOS PÉROLAS AOS PORCOS


“QUANDO JOGAMOS PÉROLAS AOS PORCOS”

"Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão".
(Mateus 7:6) 

No processo de Deus revelar-se ao homem, encontramos um momento maravilhoso quando Deus decide formar um povo que pudesse representá-lo neste mundo, um povo com o qual Ele teria um relacionamento direto e íntimo, que servisse de testemunho de quem era o Senhor. Ele chama então um homem chamado Abrão e o retira do meio da sua parentela e lhe faz uma grande promessa. Depois que Deus fez a promessa a Abraão e cumpre essa promessa em Isaque, Ele continua formando e sustentando este povo até os tempos da escravidão no Egito, quando ali vemos a retumbante, histórica e sobrenatural libertação que Israel recebeu. À geração pós-Egito, ele estabelece Leis e as entrega ao povo pelas mãos de Moisés. Por quê isso? 

Simplesmente porque ele tinha de fazer as coisas piorarem antes que pudesse melhorá-las. A Lei expôs o pecado, afrontou o pecado e o condenou. O propósito da Lei era, por assim dizer, tirar a tampa da respeitabilidade do homem e expor o que ele realmente é abaixo da superfície — pecador, rebelde, culpado, sob o julgamento de Deus e sem esperança para salvar-se a si mesmo.

Hoje, devemos permitir que a Lei faça a tarefa que Deus lhe confiou. Uma das grandes falhas da Igreja contemporânea é a tendência de abrandar o pecado e o julgamento. Essa era a prática dos falsos profetas contemporâneos do profeta Jeremias que foram repreendidos e condenados por Deus, pois falavam ao povo não tratando as suas feridas: "Desde o menor até o maior, todos são gananciosos; profetas e sacerdotes igualmente, todos praticam o engano. Eles tratam da ferida do meu povo como se não fosse grave. ‘Paz, paz’, dizem, quando não há paz alguma.” (Jeremias 6.14)

Dietrich Bonhoeffer foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã anti-nazista e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista. Veja como ele expõe essa idéia: "É apenas quando alguém se submete à Lei que ele pode falar da graça... Não acho que seja bom o cristão querer chegar ao Novo Testamento de forma muito rápida e direta ignorando ou sem ser informado a respeito da lei". Jamais devemos ignorar a Lei e ir direto ao evangelho. Fazer isso é contradizer o plano de Deus na história bíblica.

Será que não tem sido essa a razão pela qual o evangelho não é apreciado hoje em dia? Alguns o ignoram, outros o ridicularizam. Então, em nosso evangelismo moderno, jogamos pérolas aos porcos (e a pérola mais cara é o evangelho). As pessoas não conseguem ver a beleza da pérola, porque não têm o conceito da imundícia do chiqueiro. Nenhum homem aceita o evangelho antes que a Lei, primeiro, revele a esse homem sua própria natureza e essência. É apenas na escuridão profunda do céu noturno que as estrelas começam a aparecer, bem como também é apenas no pano de fundo escuro do pecado e do julgamento que o evangelho brilha.

Somente depois de a Lei nos ter injuriado e derrotado, nós conseguiremos admitir nossa necessidade de abraçar o evangelho, para que este cure nossas feridas. 

Somente depois de a Lei nos prender e aprisionar, nós ansiaremos para que Cristo nos liberte. 

Somente depois de a Lei nos condenar e matar, é que nós buscaremos Cristo para sermos justificados e viver.

Somente depois de a Lei nos levar ao desespero, é que nós acreditaremos em Jesus.

Somente depois de a Lei nos rebaixar até o inferno, é que nos voltaremos para o evangelho, para que este nos leve ao céu.

Amém!
Adaptado: Pr. John Stott

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