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sábado, 25 de maio de 2019

SÉRIE 1 PEDRO: 17 – VENCENDO A BATALHA ESPIRITUAL DE CADA DIA


17 – VENCENDO A BATALHA ESPIRITUAL DE CADA DIA
(28-06-2017)

Introdução: Depois de mostrar como precisamos nos relacionar com Deus, com os irmãos e conosco mesmos, Pedro passa a tratar da batalha espiritual, ou seja, dos inimigos que estão à nossa volta nos espreitando. Essa batalha é cotidiana, feroz, porém pode ser vencida pelo poder de Deus. Pedro destaca também os sofrimentos pelos quais passamos e os classifica como breves e reafirma o cuidado de Deus em nos fortalecer e restaurar.

Texto Bíblico: 1 Pedro 5.8-14
8 Tende bom senso e estai atentos. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, rugindo como leão que procura a quem possa devorar.
9 Resisti-lhe firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão acontecendo entre vossos irmãos no mundo.
10 E o Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido um pouco, ele mesmo vos haverá de reabilitar, confirmar, fortalecer e alicerçar.
11 A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém.
12 Por intermédio de Silvano, que considero nosso fiel irmão, escrevo de forma abreviada, exortando e testemunhando que esta é a verdadeira graça de Deus; nela permanecei firmes.
13 Aquela que é coeleita convosco, que está na Babilônia, vos cumprimenta, como também meu filho Marcos.
14 Cumprimentai-vos uns aos outros com beijo de santo amor. Paz seja com todos vós que estais em Cristo.

1 – UMA PALAVRA SOBRE BATALHA ESPIRITUAL
“Tende bom senso e estai atentos. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, rugindo como leão que procura a quem possa devorar. Resisti-lhe firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão acontecendo entre vossos irmãos no mundo.” (1 Pedro 5.8-9)

1º - A IDENTIDADE DO ADVERSÁRIO. ...o diabo, vosso adversário... (5.8b). O diabo não é uma lenda, um mito, um espantalho para intimidar os místicos. É um anjo caído, um ser maligno, ladrão, destruidor. É a antiga serpente, o dragão vermelho, o leão que ruge. É assassino e pai da mentira. Vem sempre para roubar, matar e destruir. Temos um adversário real, invisível e medonho. Não podemos subestimar seu poder nem suas artimanhas. VÍDEO DO LEÃO ATRÁS DO VIDRO TENTANDO PEGAR O BEBÊ




2º - AS ESTRATÉGIAS DO ADVERSÁRIO ...anda em derredor, rugindo como leão que procura a quem possa devorar. (5.8c).
Três coisas aqui nos chamam a atenção.


1. O diabo espreita. Ele anda em derredor. Busca uma brecha em nossa vida. Vive rodeando a terra e passeando por ela (Jó 1.7; 2.2). O diabo não dorme nem tira férias. É incansável em sua tentativa de nos apanhar em suas armadilhas. O apóstolo Paulo diz que precisamos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11). A palavra “ciladas” vem do grego metodeia, que significa “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas. Pesquisa meticulosamente nossos pontos vulneráveis. Não hesita em buscar brechas em nossa armadura. Precisamos acautelar-nos!

2. O diabo intimida. O leão ruge não quando ataca a presa, mas para espantá-la. Seu rugido é para fazer a presa dispersar-se do bando. Quando uma presa se desprende do bando, o leão a ataca implacavelmente. E muito difícil uma presa escapar da investida de um leão quando esta se isola. O ataque é súbito, violento, fatal.

3. O diabo devora. O diabo não veio para brincar, mas para devorar. Ele mata. É homicida e assassino. Há muitas pessoas arruinadas, feridas e destruídas por esse devorador implacável. Ele é o Abadom e o Apoliom (Ap 9.11), conhecido como o destruidor.

3º - AS ARMAS DE VITÓRIA CONTRA O ADVERSÁRIO. Sede sóbrios e vigilantes... Resisti-lhe firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão acontecendo entre vossos irmãos no mundo.” (5.8a,9). Pedro nos oferece quatro armas importantes para o enfrentamento dessa luta espiritual.

1. A VIGILÂNCIA. Em tempos de batalha espiritual, a vigilância e a sobriedade são indispensáveis, são fundamentais e serão decisivas nos momentos de embates com o inimigo. Basta um descuido, basta um deslize e poderemos ser abocanhados como presas fáceis pelo inimigo de nossas almas. 
A palavra “vigilantes” indica a atitude de esperar de olhos abertos, acompanhando o que se passa e sempre perscrutando o horizonte na expectativa da chegada do Senhor. O diabo vive rodeando a terra e bisbilhotando a vida das pessoas. Não hesita em atacar uma pessoa sempre que encontra uma brecha. Precisamos manter os olhos abertos e os ouvidos atentos. O diabo é a antiga serpente. É astuto, sutil. Sua estratégia é falsificar tudo o que Deus faz. De acordo com a parábola do joio e do trigo, em todo lugar em que Deus planta um cristão, o diabo planta um impostor (Mt 13.24-30,36-43). 

2. A SOBRIEDADE. A palavra grega nepsate, traduzida por “sede sóbrios”, significa “domínio próprio”, especialmente na área da bebida alcoólica. Um indivíduo que perde o equilíbrio, o siso e a lucidez é uma vítima indefesa na batalha espiritual. Quando o diabo consegue dominar a mente de uma pessoa, consegue destruir-lhe a vida. Há dois extremos perigosos nessa batalha espiritual. O primeiro é subestimar o diabo. Há indivíduos que escarnecem do diabo como se ele fosse uma formiguinha indefesa. A Bíblia diz que nem o arcanjo Miguel se atreveu a proferir juízo infamatório contra o diabo (Jd 9). O segundo extremo é superestimar o diabo. Há igrejas que falam mais no diabo que em Jesus. Há redutos em que o diabo tem até acesso ao microfone. Há pregadores que entabulam longas conversas com o diabo. Há escritores que recebem até mesmo revelações do diabo. Há aqueles que atribuem ao diabo qualquer dor de cabeça que uma aspirina resolveria. Essas atitudes não têm amparo nas Escrituras. Precisamos ter sobriedade nesse combate cristão.
Sintetizando essas duas primeiras armas (sobriedade e vigilância), Kistemaker escreve: A sobriedade é a capacidade de olhar para aquilo que é real com a mente clara, e a vigilância é um estado de observação e prontidão. A primeira característica mostra a prontidão para se responder às influências externas, enquanto a segunda descreve uma pessoa que luta contra sua própria disposição. Um cristão deve sempre manter-se alerta tanto contra forças internas como externas que desejam destruí-lo. Essas forças vêm do maior adversário do ser humano, Satanás. 

3. A FÉ. Precisamos resistir ao diabo firmes na fé. A fé é um escudo contra os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16). Não podemos acreditar nas mentiras do diabo nem dar crédito às suas falsas promessas. Warren Wiersbe diz que tanto Pedro como Tiago dão a mesma fórmula para o sucesso nessa batalha espiritual: Sujeitai-vos a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (Tg 4.7). Antes de se manter firme diante de Satanás, é preciso curvar-se diante de Deus.351 Kistemaker é oportuno quando diz que a palavra fé pode ser compreendida tanto no sentido subjetivo da fé pessoal e confiança em Deus, como no sentido objetivo, ou seja, referindo-se ao conjunto das doutrinas cristãs. Aqui, o contexto favorece o sentido objetivo.352

4. O SOFRIMENTO. Em tempos de prova, tendemos a pensar que estamos sozinhos nessa refrega e que ninguém está sofrendo como nós. Uma das armas do diabo para nos atingir é superdimensionar nossa dor e apequenar nosso consolo. Precisamos abrir os olhos e entender que existem outros irmãos passando pelas mesmas provações e enfrentando as mesmas batalhas. É errado imaginar que somos os únicos a travarmos esse tipo de batalha, pois nossa “irmandade espalhada pelo mundo” enfrenta as mesmas dificuldades.353

2 - UMA PALAVRA SOBRE O CUIDADO DE DEUS
“E o Deus de toda graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido um pouco, ele mesmo vos haverá de reabilitar, confirmar, fortalecer e alicerçar. A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém.” (1 Pedro 5. 10-14)
Pedro termina suas exortações dirigindo-se aos cristãos perseguidos da dispersão sobre o cuidado de Deus. Destacamos aqui cinco pontos.

1º - QUEM DEUS É. “E o Deus de toda graça,... (5.10a). O próprio Pedro, que negou o seu Senhor, experimentou a graça de Deus, que o restaurou e o colocou de pé. Mesmo quando falhamos, Deus nos perdoa. Mesmo quando tropeçamos, Deus nos levanta. Precisamos sempre trazer à nossa memória o fato de que Deus não lida conosco em virtude do nosso merecimento, mas de acordo com seu amor incondicional. Mesmo quando passamos pela fornalha do sofrimento, Deus nos fortalece.

2º - O QUE DEUS FEZ. ... que em Cristo vos chamou à sua eterna glória... (5.10b). Deus nos escolheu por sua graça e nos destinou à sua eterna glória. Deus dá graça e glória (SI 84.11). A graça é a causa; a glória é o resultado. A graça é a raiz; a glória é o fruto. A graça é origem; a glória é o fim. Tudo o que começa com graça desemboca em glória!

3º - O QUE DEUS PERMITE. ... depois de haverdes sofrido um pouco,... (5.10c). O sofrimento humano, por mais agudo e prolongado, quando colocado sob a perspectiva da eternidade é pequeno, leve e momentâneo. O apóstolo Paulo expressa essa mesma idéia ao declarar: Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação (2Co 4.17). Deus permite o sofrimento não por longo tempo, mas por breve tempo; não para nos destruir, mas para nos fortalecer; não para sonegar-nos a glória, mas para realçá-la.

4º - O QUE DEUS FAZ. ... ele mesmo vos haverá de reabilitar, confirmar, fortalecer e alicerçar. (5.10d). As provações constroem o caráter cristão e fortalecem os músculos da alma. Os cristãos da Dispersão, que estavam perdendo bens, casas, terras e liberdades, mesmo mortos, não seriam vencidos pelo inimigo. Essa fornalha da aflição não tinha o propósito de destruí-los, mas de aperfeiçoá-los, firmá-los, fortificá-los e fundamentá-los.
A palavra grega kartarizein, “aperfeiçoar”, é a mesma usada em Mateus 4.21 para “consertar as redes”. Pelas provações, Deus repara nossas brechas. Essa palavra significa prover aquilo que falta, remendar o que está roto, repor uma parte que está faltando. Assim, o sofrimento, se aceito com humildade, pode prover aquilo que está faltando em nosso caráter.354
A palavra grega sterixein, “firmar”, significa fixar com firmeza, prender firmemente, tornar tão firme como um granito.355 Deus permite as provas para que os cristãos tenham uma consistência granítica, e não gelatinosa. O sofrimento, quando acolhido com discernimento, é como o exercício corporal de um atleta: tonifica os músculos e aumenta o vigor.
A palavra grega sthenoun, “fortificar”, significa encher de força.356 Deus nos dá forças para lidar com aquilo que a vida exige de nós. Uma vida sem esforço e sem disciplina torna-se flácida moralmente e frívola espiritualmente.
A palavra grega themelioun, “fundamentar”, significa colocar os fundamentos, lançar um alicerce sólido, ou seja, construir sobre a rocha firme.357 Quando enfrentamos o sofrimento, somos cimentados no alicerce da fé. Satanás intentou contra a vida do patriarca Jó. Atacou seus bens, seus filhos e sua saúde. Mas, em vez de afastar Jó de Deus, o sofrimento o colocou a seus pés. Antes do sofrimento, Jó conhecia Deus de ouvir falar; agora, Jó vê a Deus e prostra- -se aos seus pés.

5º - O QUE DEUS MERECE. A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém (5.11). Mesmo quando a igreja é perseguida e o inimigo parece estar no controle da situação, Deus está no trono, governando sobre tudo e todos, controlando cada situação. A ele pertence o domínio! Pedro termina sua carta não com um profundo lamento, mas com uma doxologia!
Na conclusão da epístola, Pedro faz quatro destaques:

O AMANUENSE DA CARTA. Por meio de Silvano, que para vós outros é fiel irmão, como também o considero, vos escrevo resumidamente... (5.12a). Pedro informa aos cristãos da Dispersão que Silvano, o mesmo Silas, profeta da igreja de Jerusalém e companheiro de Paulo em sua segunda viagem missionária, foi o secretário que escreveu essa missiva. Silas era não apenas um líder da igreja de Jerusalém (At 15.22,27), mas também profeta (At 15.32) e cidadão romano (At 16.19,25,29,37).

O TEMA DA CARTA. ... exortando e testificando, de novo, que esta é a graça de Deus; nela estai firmes (5.12b). Pedro relembra à igreja o conteúdo principal da carta, a graça de Deus, exortando os cristãos a permanecerem firmes nessa graça.

AS SAUDAÇÕES DA CARTA. Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente meu filho Marcos (5.13a). Pedro envia saudações da senhora eleita e de Marcos, seu filho na fé. A linguagem que Pedro usa nessa saudação é enigmática. A quem ele se refere? Não existe consenso acerca de quem seria essa “eleita”. Alguns estudiosos dizem que se tratava de uma mulher proeminente na igreja; outros que era a própria mulher de Pedro que o acompanhava em suas viagens missionárias (ICo 9.5). Kistemaker observa ser pouco provável que Pedro estivesse referindo-se à própria esposa. A maioria dos estudiosos acredita que Pedro alude à igreja cristã onde ele residia. Portanto, Pedro está enviando as saudações da igreja eleita de Jesus Cristo aos cristãos da diáspora.358 Concordo, entretanto, com William McDonald, que é impossível ter certeza de quem se trata.35

A RECOMENDAÇÃO FINAL DA CARTA. Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz a todos vós que vos achais em Cristo (5.14). Pedro orienta os cristãos a saudarem uns aos outros com filema, o “beijo fraternal”, traduzido como “ósculo de amor”. O ósculo santo é mencionado em quatro cartas paulinas (Rm 16.16; ICo 16.20; 2Co 13.12; lTs 5.26). Mas aqui Pedro recomenda “ósculo de amor”. Uma igreja perseguida precisa exercer amor e experimentar a paz.



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