“QUANDO JOGAMOS PÉROLAS AOS PORCOS”
(Mateus 7:6)
No processo de Deus revelar-se ao homem, encontramos um momento maravilhoso quando Deus decide formar um povo que pudesse representá-lo neste mundo, um povo com o qual Ele teria um relacionamento direto e íntimo, que servisse de testemunho de quem era o Senhor. Ele chama então um homem chamado Abrão e o retira do meio da sua parentela e lhe faz uma grande promessa. Depois que Deus fez a promessa a Abraão e cumpre essa promessa em Isaque, Ele continua formando e sustentando este povo até os tempos da escravidão no Egito, quando ali vemos a retumbante, histórica e sobrenatural libertação que Israel recebeu. À geração pós-Egito, ele estabelece Leis e as entrega ao povo pelas mãos de Moisés. Por quê isso?
Simplesmente porque ele tinha de fazer as coisas piorarem antes que pudesse melhorá-las. A Lei expôs o pecado, afrontou o pecado e o condenou. O propósito da Lei era, por assim dizer, tirar a tampa da respeitabilidade do homem e expor o que ele realmente é abaixo da superfície — pecador, rebelde, culpado, sob o julgamento de Deus e sem esperança para salvar-se a si mesmo.
Hoje, devemos permitir que a Lei faça a tarefa que Deus lhe confiou. Uma das grandes falhas da Igreja contemporânea é a tendência de abrandar o pecado e o julgamento. Essa era a prática dos falsos profetas contemporâneos do profeta Jeremias que foram repreendidos e condenados por Deus, pois falavam ao povo não tratando as suas feridas: "Desde o menor até o maior, todos são gananciosos; profetas e sacerdotes igualmente, todos praticam o engano. Eles tratam da ferida do meu povo como se não fosse grave. ‘Paz, paz’, dizem, quando não há paz alguma.” (Jeremias 6.14)
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Será que não tem sido essa a razão pela qual o evangelho não é apreciado hoje em dia? Alguns o ignoram, outros o ridicularizam. Então, em nosso evangelismo moderno, jogamos pérolas aos porcos (e a pérola mais cara é o evangelho). As pessoas não conseguem ver a beleza da pérola, porque não têm o conceito da imundícia do chiqueiro. Nenhum homem aceita o evangelho antes que a Lei, primeiro, revele a esse homem sua própria natureza e essência. É apenas na escuridão profunda do céu noturno que as estrelas começam a aparecer, bem como também é apenas no pano de fundo escuro do pecado e do julgamento que o evangelho brilha.
Somente depois de a Lei nos ter injuriado e derrotado, nós conseguiremos admitir nossa necessidade de abraçar o evangelho, para que este cure nossas feridas.
Somente depois de a Lei nos prender e aprisionar, nós ansiaremos para que Cristo nos liberte.
Somente depois de a Lei nos condenar e matar, é que nós buscaremos Cristo para sermos justificados e viver.
Somente depois de a Lei nos levar ao desespero, é que nós acreditaremos em Jesus.
Somente depois de a Lei nos rebaixar até o inferno, é que nos voltaremos para o evangelho, para que este nos leve ao céu.
Amém!
Adaptado: Pr. John Stott